Buscar

Em reviravolta, Eduardo Bolsonaro conquista vitória em disputa no PSL

Filho de Jair Bolsonaro consegue apoio suficiente para assumir a liderança do partido na Câmara.

Cb image default
Eduardo Bolsonaro conseguiu apoio de maioria dos deputados do PSL

Numa nova reviravolta na disputa de poder dentro do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, o deputado filho do chefe de Estado, Eduardo Bolsonaro (SP), conseguiu nesta segunda-feira (21/10) assumir a liderança da legenda na Câmara. A mudança foi confirmada pela Secretaria Geral da Mesa da Diretoria da Casa.

A troca de comando da legenda ocorreu após Eduardo apresentar uma nova lista com assinaturas de deputados em seu apoio. A ala bolsonarista conseguiu reunir 28 assinaturas consideradas válidas para tirar do posto o antigo líder, o deputado Delegado Waldir (GO).

Segundo as regras da Câmara, a mudança do líder de um partido na Casa é oficializada com um documento direcionado ao presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) e assinado pela maioria absoluta dos parlamentares da legenda. O PSL tem atualmente 53 deputados. Assim, Eduardo necessitava de 27 assinaturas para assumir a liderança da legenda.

Segundo a imprensa brasileira, Bolsonaro atuou pessoalmente para influenciar o processo. Waldir chegou a afirmar que o presidente tentou comprar parlamentares para assinarem a lista favorável à nomeação de Eduardo, em troca de cargos e do controle do partido.

Há uma semana, a ala bolsonarista tentava derrubar Waldir, que reconheceu a derrota nesta segunda-feira e entregou o posto antes da confirmação oficial da Câmara. "Aceitamos democraticamente uma nova lista que foi feita por parlamentares. Já estarei a disposição do novo líder para, de forma transparente, passar para ele toda a liderança do PSL. Queria agradecer aos parlamentares que confiaram nesse nosso projeto, dizer que não sou subordinado a nenhum governador, a nenhum presidente, e sim ao meu eleitor", afirmou Waldir num vídeo em que reconheceu a derrota.

No vídeo, Waldir disse ainda que o comando do PSL desistiu de suspender as atividades partidárias de cinco deputados bolsonaristas, que impulsionaram a tentativa de mudança na liderança: Alê Silva (MG), Bibo Nunes (RS), Carlos Jordy (RJ), Carla Zambelli (SP) e Filipe Barros (PR). A suspensão impedia que o grupo representasse o partido em atividades na Câmara, dificultando a nomeação de Eduardo.

Após a reviravolta, Eduardo afirmou a jornalistas que desejava apenas que o PSL "voltasse a ser o partido do governo" e se recusou a falar como líder da legenda, alegando que tinha a informação que a ala rival apresentaria uma nova lista.

A barulhenta disputa pelo controle do partido, entre Bolsonaro e o presidente nacional do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE), começou há duas semanas. A crise interna se agravou em meio a trocas de farpas e provocou um racha na legenda.

O conflito pela liderança da legenda na Câmara foi marcado pela divulgação de áudios de ambos os lados. O primeiro, vazado na quarta-feira, foi do próprio presidente que tentava conseguir o apoio de parlamentares do PSL para tirar Waldir. "Estamos com 26, falta uma assinatura para a gente tirar o líder, e colocar o outro. A gente acerta", disse o mandatário a um interlocutor desconhecido.

No dia seguinte foi a vez de Waldir ser o alvo do vazamento. O deputado ameaçou "implodir" o governo de Bolsonaro, em conversa gravada dentro de seu próprio gabinete. "Eu mostro a gravação dele, eu tenho a gravação. Não tem conversa, eu implodo o presidente, acabou, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo, cara. Eu votei nessa porra, eu andei no sol 246 cidades, no sol gritando o nome desse vagabundo", afirmou na gravação.

Num novo desdobramento, ao ser questionado sobre o áudio, inicialmente, Waldir recuou, afirmando que a declaração foi dada num "momento de emoção", mas no dia seguinte voltou a elevar o tom, afirmando que "não retira nada" do que falou no áudio.

O jornal Folha de S. Paulo revelou na sexta-feira que Bolsonaro acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para processar Waldir por ameaça. Segundo o diário apurou, a equipe do advogado-geral André Mendonça está estudando quais medidas criminais podem ser aplicadas contra o deputado.

Crise no PSL

Oficialmente, o grupo de Bolsonaro no PSL mantém o discurso de que está insatisfeito com Bivar por causa da falta de transparência no comando da sigla e a eclosão das suspeitas em torno das candidaturas de fachada em Pernambuco. Ainda assim, o próprio presidente da República vinha insistindo em manter no cargo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que também é suspeito de comandar um esquema similar de candidaturas laranjas em Minas Gerais.

Já os apoiadores de Bivar acusam o grupo do presidente de querer controlar a gorda fatia do fundo partidário que cabe ao PSL desde que a sigla se tornou a segunda maior bancada da Câmara. O fundo deve chegar a 110 milhões de reais neste ano.

Independente do motivo da disputa, uma troca de farpas entre Bolsonaro e Bivar na semana passada acabou detonando uma crise interna na legenda. Nos dias que se seguiram, a imprensa brasileira revelou que Bolsonaro e seus aliados no PSL planejam deixar a sigla. Porém o plano ainda esbarra nas regras eleitorais, já que os deputados bolsonaristas que resolverem eventualmente deixar a legenda correm o risco de perder o mandato por infidelidade partidária.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.