Publicado em 17/01/2019 às 06:54, Atualizado em 17/01/2019 às 10:19
Equilíbrio é o lema da nova fase de Henri Castelli.
Equilíbrio é o lema da nova fase de Henri Castelli. Mesmo diante da agitada vida profissional -- além de ator, ele tem duas pousadas no Nordeste e um restaurante em Portugal - Henri tira sempre algum tempo para viajar e recarregar as energias. Em Fernando de Noronha, onde fica localizado um de seus estabelecimentos, ele arranjou um dia para curtir a natureza e posar para as lentes de Angelo Pastorello em cenários deslumbrantes. “Visito Noronha há mais de dez anos. Mergulho há uns 15 e viajo muito para lá para mergulhar. Conheço Noronha mais por debaixo d'água do que a ilha mesmo (risos)”, conta ele, que se prepara para voltar às telinhas em Malhação no próximo ano.
A vida mais balanceada é algo que ele também busca nas demais áreas, como na prática de exercícios físicos, na alimentação e até no sexo. “Adotei a seguinte frase: ‘Nada muito’. Talvez até tatue isso. Nada mesmo! Em tudo na vida. Se vai fazer exercício, não canse muito o corpo, se for mergulhar, não precisa ir a 60 metros. Vai namorar? Não precisa transar todos os dias. Se vai beber, não precisa ficar louco e perder a noção”, explica
Solteiro desde o fim do namoro com Maria Fernanda Saad, em março deste ano, Henri acredita que finalmente alcançou a maturidade para viver um casamento tradicional e duradouro. Ele, que já foi casado com Isabeli Fontana, com quem tem Lucas, e teve um breve relacionamento com Juliana Despirito, que gerou a filha Maria Eduarda, também faz planos de ter mais um filho e de criá-lo em uma união, desta vez, sem separação.
“Sofri muito e não quero mais sofrer por isso. Quero esse casamento tradicional que nunca tive. Aprendi com os erros. Se eu tive um relacionamento recente que o problema foi a falta de lealdade, não quero mais ter. Quero procurar o equilíbrio e pessoas equilibradas para me ajudar a manter o meu equilíbrio. Daí, quero me casar, ter a nossa casa e programar um novo filho, que vai ser menino”, avisa ele, que revela já ter até um nome escolhido para a criança. “Já tenho até um nome, mas não vou falar para ser surpresa!"
Como surgiu esse seu lado empresarial?
Começou como um desafio, porque nunca tive muita vontade e jeito para esse tipo de coisa. Todo tempo foquei muito na minha carreira, depois que me tornei pai, fiquei muito com os meus filhos, e ainda viajava. Então, não tinha tempo de investir em outra área. O Faustão falava: “Para você fazer isso, tem que se dedicar”. Queria estar presente em uma coisa que realmente gostasse de fazer. Não adiantava abrir uma franquia de escola de inglês... Tinha que ser algo que eu gostaria de estar fazendo todo dia. Fui esperando a oportunidade certa, a hora certa e talvez a idade certa. Com mais maturidade, hoje aos 40, tenho a responsabilidade dos dois filhos, sustento a minha casa, minha mãe... Eles dependem muito de mim. Sou funcionário há mais de 20 anos da TV Globo e tenho uma estabilidade há algum tempo. Acabei de renovar o contrato por mais quatro anos. Mas a gente nunca sabe o dia de amanhã. Comecei a investir em coisas que gostava em Noronha e Maceió. Em Alagoas tenho a minha mãe de criação, Neide, que montou um negócio, o Baobá Raízes e Tradições, ao pé da Serra da Barriga, no Memorial Quilombo dos Palmares. Lá em cima, tem a parte dos quilombolas. A gente quer mostrar que Maceió não é só praia, mostrar essa parte cultural e falar quem foi Zumbi, a nação quilombola. Lá tem artesanato. A gente montou ali uma pousada. Os quartos são todos temáticos com o nome de cada guerreiro quilombola. Além disso, vamos reverter sempre alguma parte dos nossos lucros para projetos sociais que tenho lá em Maceió. Noronha também segue a linha de investimento em projetos que acredito. Não viso só dinheiro. É uma pousada. Lá é totalmente voltado para a parte ecológica e manutenção da ilha. Por exemplo, na Praia da Atalaia, lixos do mundo inteiro param ali, como garrafas de bebida vindas da Rússia, equipamentos eletrônicos... Tudo o que você imagina. Sacos e sacos de lixo são retirados por dia dali. Turistas voluntários ajudam a retirar os lixos. Queremos ajudar a divulgar isso. Estamos criando um projeto de preservação com a pousada Dolphin Prime Noronha, que é de uma amiga minha, a Fabiana Falcão De Sanctis. Acho que se você usa as redes sociais para divulgar o xampu que usa, pode também usar para divulgar projetos sociais e ecológicos.
E Portugal?
Sempre sonhei muito em ter a minha casa, tenho a que moro aqui em São Paulo, outra que eu estou vendendo e agora uma em Portugal. Quando comprei esse apartamento no Bairro Alto, fiquei muito feliz. Eu nasci em uma família humilde e que vivia de aluguel. Então, a casa própria era um sonho. O país me acolheu tão bem que nasceu o desejo de abrir um negócio lá, que é o restaurante Nameza, em parceria com Felipe Ferreira, até para poder interagir com o público. Vamos fazer um palco para interagir com artistas, fazer shows de comédia e de músicas. É um restaurante de comida típica portuguesa mesmo, mas nada impede de ter um dia especial de culinária brasileira, espanhola... Minha ideia é estar uma vez por mês lá.
Você disse que veio de uma família humilde. Como foi a sua infância?
Foi em São Bernardo do Campo. Meu pai morreu quando eu tinha 12 anos e a partir daí, fui criado pela minha mãe e irmã. Minha mãe era funcionária pública. A gente não passava fome, mas era tudo no limite. Nunca tinha dinheiro para o supérfluo, viajar então... Era criado na base da gemada. Yakult e Danoninho, quando comprava, tomava devagar para não acabar. Aprendi a dar valor ao dinheiro cedo. Com 13 anos comecei a trabalhar como office boy e nunca mais parei. Trabalhei como funileiro, garçom e vendedor. Trabalho nunca foi um problema para mim. Se a Globo deixar, faço duas ou três novelas ao mesmo tempo. Se eu fico um tempo sem trabalhar, fico doido. Nunca paro. Nunca fico deitado ou na piscina.
E quando decidiu investir na carreira de ator?
Resolvi ser ator porque fui mandado embora de todos os empregos que tive (risos). Estou brincando, mas realmente fui mandado embora de todos os empregos menos da Globo. Fazia teatro em escola para ganhar nota extra. Tinha que correr atrás de figurino, tema... A gente ganhava pontos. Aí, comecei a gostar. Me contagiou, mas não pensava que era o que eu queria como carreira. O tempo foi passando, eu mais apaixonado por cinema e descobri que tinha um curso de teatro profissionalizante no Rio. Resolvi fazer. Com 17 anos fui para o Rio de Janeiro, mas foi muito difícil.
Passou muitos perrengues?
O curso era muito bom, mas não tinha dinheiro para nada. Tinha comprado um carro, mas tinha que deixar ele parado porque não tinha dinheiro para gasolina. Para comer eu ia no McDonalds e comprava aqueles pacotes que vinham seis hambúrgueres para comer mais pão e dar a sensação de saciedade. Uma ex-namorada minha, às vezes, ia uma vez por mês para o Rio e fazia compras no mercado para mim. Ela foi muito especial porque mesmo não querendo que eu me mudasse para o Rio, porque eu ia me separar dela, ela me ajudava. Comia muito achocolatado, leite e cereal. Isso era o meu café da manhã, almoço e jantar. Era o mais barato e me virava assim um mês. Eu morava em uma casa de favor, em Realengo. Era muito longe de tudo. Quando tinha um dinheiro sobrando, eu comprava um cachorro quente para comer, mas era difícil. Por isso que valorizo o dinheiro. Eu não tinha nem dois reais para comer um cachorro quente. Se comprasse, não conseguia pegar ônibus. Foram grandes testes na minha vida. Trabalhei em uma loja também onde conheci uma menina que me chamou para dividir um apartamento mais perto do curso. O apê era muito pequeno. Era um quarto que tinha um banheiro, devia ter 20 metros quadrados. Se entrasse correndo caia da janela (risos). Ela tinha namorado. Eu dormia em um colchão debaixo da mesa. Eles acordavam muito cedo e e eu mais tarde porque chegava tarde do teatro. Acordava com migalhas de pão pelo corpo que caiam da mesa. Saí da loja e comecei a trabalhar como garçom no bar do teatro, onde ajudava a vender os ingressos também e fazia o pontas nas peças. Ganhava 60 reais por semana. Comecei a namorar uma menina da peça de teatro, mas não conseguia sair com ela porque não tinha dinheiro para nada. Ela achava que eu não gostava dela e terminamos. Eu tinha vergonha de ir nos lugares que ela e os amigos iam porque não tinha dinheiro. Nem para alugar um filme para ver com ela em casa eu tinha. Não conseguia nem ter um relacionamento! Eu fiz dez testes para Malhação, já estava quase com o papel na mão e era recusado.
Caramba...
Parece que foram 15 anos de sofrimento, mas foram quatro. Não tinha dinheiro nem para lavar as minhas roupas, ela mofavam. Pra você ter uma ideia, a gente tomava banho em um chuveiro que nem ducha tinha. Era um cano só. Tomava banho gelado! Quando quebrou, a gente precisava de 50 reais para arrumar, mas nem metade disso eu tinha para dividir com a menina que morava comigo. Nada era fácil. Foi um perrengue atrás do outro. Não tinha muita esperança. Minha vida em São Paulo, que já era difícil, parecia a de um sheik perto disso e lá eu tinha namorada... Pensava em desistir, chorava, mas ao mesmo tempo algo dentro de mim falava: “Não vou voltar de pirraça”. Depois de anos passando por isso, fui despejado da casa, a dona queria de volta. Fiquei em estado de choque. Mas fui para o teatro trabalhar, liguei para algumas pessoas e duas amigas, Vanessa e Cininha de Paula, me ajudaram. Fiquei na casa delas alguns dias. Foi quando apareceu o teste para Hilda Furacão. Eram 500 atores para fazer o teste de um dos personagens principais, fui passando e fiquei para o final. Pensei: “Agora vai dar certo”. Não consegui fazer porque fiquei nervoso. O Thiago Lacerda conseguiu o papel. Daí fiquei puto e resolvi voltar para São Paulo. Até que me chamaram para um papel de apoio em Hilda Furacão, foi quando assinei o primeiro contrato na Globo. Finalmente consegui ter algum dinheiro decente.
Seu primeiro grande personagem foi o Pedro, em Malhação (2002). Como será a sua volta para a novela depois de quase 17 anos?
Ainda não sei muito sobre o personagem. Eu quero fazer Malhação. Conversei com a Globo e com o Adriano Melo, que é o diretor. Sempre quis voltar porque foi a Malhação que mais fez sucesso, toda a vez que vou a Portugal, as pessoas relembram esse personagem. Aqui também. Sempre achei que seria bacana voltar. Mas antes não estava em uma idade que caberia em um personagem bacana. Agora posso fazer um professor. Vai atingir um público totalmente diferente e vai ser uma homenagem a minha carreira. Quero tanto fazer que trocaria qualquer novela por esse papel. Lembro que quando eu fui fazer o teste tinha a possibilidade de fazer o papel de um professor de capoeira ou do menino. Mas eu já tinha uns 21 anos e tinha que aparentar 17. Eu queria fazer o Pedro, o protagonista jovem. Fui na sauna, fiquei 40 minutos, deixei a pele bem lisa, tirei a barba, botei uma regata, bermuda e boné. Parecia um moleque. Mal saí da sala de teste, meu telefone tocou falando que eu seria o protagonista de Malhação.
E tem gente que pensa que por você ser bonito tudo foi fácil, né? Provar que tinha talento acima da beleza foi um desafio?
Até hoje é assim. Talvez daqui para frente as coisas mudem porque são muitos anos de carreira. Mas o tempo todo tento surpreender com os personagens. Essa história que contei para você não fico contando sempre. Fico na minha para não parecer que estou me fazendo de coitadinho. Hoje falo porque já tenho uma carreira consolidada. Essa é minha história.
O seu jeito sincero algumas vezes é confundido com arrogância. Uma vez me lembro que você disse que não ia me dar uma entrevista em um evento porque estava com dor de dente. Acha que ser honesto demais prejudica algumas vezes a sua imagem?
Do mesmo jeito que escuto isso, também escuto nas viagens que eu vou o contrário. Dizem: ‘Nossa! Nunca pensei que você fosse tão humilde’. Eu sou um cara simples. Nunca mudei a minha essência. Se eu falo que estou com dor de dente e não quero dar uma entrevista, é porque estou mesmo. Quando estou de mau humor, evito fazer as coisas. Se eu tiver que ir, tento me controlar antes. Ninguém é obrigado a aguentar o mau-humor do outro. Mesmo assim, às vezes acontece de interpretarem uma atitude de forma errada... Teve uma vez que cheguei em um restaurante de moto, depois de ter tomado uma chuva de uma hora e meia. Estava muito trânsito, era no horário de pico da sexta-feira, o caminho era longo... Foi um perrengue. Andei tenso na moto e cheguei encharcado no happy hour de uma amiga. Fui até o banheiro para me trocar e tinha uma mesa com umas dez mulheres e elas me pediram uma foto. Falei que ia no banheiro me trocar e que depois tiraria a foto. Me troquei, mas estava com muita dor no pescoço e me sentei com os meus amigos para descansar um pouco. Elas levantaram e foram na minha mesa. Estavam bebendo. Eu pedi: ‘Espera um pouquinho? Eu só vou me esquentar um pouco e vou lá tirar foto com vocês’. Mas fiquei conversando com a amiga sobre uns assuntos particulares que eu precisava falar e acabei me esquecendo do tempo e de ir até a mesa delas. Não reparei que elas tinham ido embora. Depois uma amiga minha, que estava na frente do restaurante fumando, ouviu as mulheres comentando na saída: “Nossa! Ele é muito metido! Mentiu para a gente porque falou que ia tirar a foto e não foi”. Mas não foi proposital. Eu não vi mesmo quando elas foram embora. Se elas tivesse ido na minha mesa e tivessem me avisado que estavam indo embora, eu teria levantado e tirado uma foto com elas. Então, a gente nunca consegue agradar a todos. Mas tenho plena consciência de que sou uma pessoa simples, de que vou a qualquer lugar e de que trato todo mundo bem. Uma das minhas qualidades é paciência, sou muito paciente.
Você é vaidoso?
Me cuido até porque eu trabalho com a imagem. Não tenho nenhum problema em fazer um botox se tiver que fazer. Tudo o que eu puder fazer e o que a minha médica, Katia Volpe, que é minha amiga há mais de dez anos, me ensinar, vou tentar fazer. Aprendi que a melhor forma de estar bem é se prevenir. Se você se prevenir, não vai precisar fazer nada radical e eu não gosto de nada radical. Levo esse lema para tudo que está relacionado com o corpo e aparência. Se eu me manter fazendo exercícios duas vezes por semana, não vou ficar no efeito sanfona e com aquela preocupação de no verão ter que malhar mais para ir para a praia. Faço sempre. Mantenho um equilíbrio de tudo. Falo para a minha médica que não quero ficar com cara de 30, quero ter 40 anos com cara de 40, saudável. Já tive cara de 30 e não quero ter de novo. Minha médica vê uma foto e fala: “Precisa cuidar mais da área dos olhos”. E me passa uns cremes. Sou meio ignorante com essa parte (risos). Tem vezes que uso e outras, não. Aprendi a passar protetor solar todos os dias, mesmo quando estou no estúdio. Tomo colágeno, vitamina D e outros manipulados. Quando vou ao consultório, ela faz uns tratamentos com laser...Também tomo todos os dias no mínimo dois litros da minha água alcalina. Faz seis anos que sigo esse ritual. Tomo do filtro da minha casa. Lá em Portugal, tenho o mesmo filtro na parede e tenho um outro portátil que eu levo comigo nas viagens. Levo isso muito a sério e isso faz uma diferença muito grande na pele e no corpo. É um trabalho intracelular. É uma vaidade, mas que melhora a minha pressão, meu sono... Eu tinha dor na lombar e essa água curou. Além disso, não como açúcar, não tomo há mais de dez anos refrigerante...
Mas você não dispensa a cervejinha, né?
Brinco que a única água ruim que eu tomo é a minha cerveja. Mas mesmo assim, hoje em dia já não tomo tanta cerveja como antes. Bebo mais vinho. Hoje em dia, faço tudo com equilíbrio.
Pelo jeito chegar aos 40 não te incomodou nem um pouco...
Estou adorando os 40! Queria ficar mais uns 20 anos com 40 (risos). Está muito bom mesmo.
O que você busca em um relacionamento agora após os 40?
Equilíbrio! O meu grande sonho é casar! Eu vou me casar um dia de qualquer maneira. Do mesmo jeito que eu tinha tatuado o nome da minha filha sem conhecer a mãe, acredito que essa intuição vai funcionar. Apesar de que, às vezes, a intuição não funciona muito com as mulheres que eu escolho, mas acredito que isso seja um aprendizado. Tive relacionamentos que me ensinaram muito, que me deram decepções, que me surpreenderam, às vezes de forma negativa, mas uso isso para aprender. Quero casar e ter mais um filho, mas agora com equilíbrio. Estou em uma fase mais equilibrada em todos os sentidos... Me doo muito em um relacionamento, entro de cabeça e faço tudo pela pessoa. Gosto de dar o meu melhor. Não sei se isso atrapalha, mas é o meu jeito, sou generoso, carinhoso e gosto de compartilhar com os meus amigos e a minha parceira. Não sou nem um príncipe encantado, mas doo o máximo de mim e, às vezes, tento agradar mais a pessoa do que a mim mesmo. Além de um relacionamento, quero ter uma amiga também. Mas quando um amigo ou uma namorada te trai, não tem como continuar um relacionamento ou ter uma volta. Pior que uma traição física, que pode acontecer com qualquer um porque somos seres humanos é a falta de lealdade. Isso já aconteceu comigo recentemente e é muito ruim. Então, agora procuro equilíbrio em um relacionamento. Receber na mesma medida que me doo.
Como é o seu relacionamento com as suas ex?
A gente era muito novo e por uma inexperiência das duas partes, eu e a Isabeli (Fontana) nos separamos. Temos um filho, cada um mora em um país diferente, mas somos grandes amigos mesmo. Alguns relacionamentos não tem como a gente ficar amigo da ex e não é por falta de tentativa. Eu tento. Nunca terminei nenhum relacionamento deixando a outra pessoa com raiva de mim porque nunca fiz nada, que eu me lembre, para isso. Nunca me pegaram na cama com alguém, nunca puderam falar que fui desleal, maltratei a mãe dela ou fiz qualquer tipo de absurdo ao ponto da pessoa não querer olhar na minha cara.
O que é falta de lealdade para você?
Fazer as coisas pelas suas costas, te usar quando não é para usar... Uma traição física, às vezes pode acontecer porque somos de carne e osso. Mas lealdade é não expor a outra pessoa. A falta de lealdade em um relacionamento de amizade e de homem e mulher é a pior coisa que pode acontecer. Traição a gente pode até perdoar. Já perdoei, já fui traído. Mas a falta de lealdade não dá. Como você volta com uma pessoa que não é leal? É falta de caráter e índole. Uma traição física pode acontecer devido a um tempo longe ou porque aconteceu. Mas acho mais leal chegar e contar olhando na cara. Pode ter sido uma coisa que aconteceu no Japão e a pessoa nunca iria saber, mas vou falar. Isso é lealdade. Quem sabe um dia a gente não volte? Mas a falta de lealdade não dá. Se fez uma vez, ela vai fazer de novo.
Você tem uma tatuagem na parte interna do lábio com a palavra Sex (sexo em inglês). Qual a importância do sexo? Agora após os 40 mudou sua relação com o sexo?
Essa tatuagem eu fiz adolescente. Nem sei porque fiz isso, acho que foi porque ela tinha poucas letras e seria menos dolorida. Não tinha um significado do tipo: “Adoro sexo”. Todo mundo gosta de sexo e ele é importante em um relacionamento, mas não é realmente só isso. Ele pode virar uma coisa ruim também se você estiver meio desequilibrado espiritualmente. É uma troca de energia muito grande, que pode ser positiva ou negativa. Acho isso muito delicado e hoje em dia não saio por aí procurando sexo. Pelo contrário, para mim o sexo é uma coisa muito séria. Descobri com uns trabalhos espirituais que eu perdia muita energia de todos os sentidos no chacra sexual. Então, hoje em dia tento me concentrar com quem estou, em quem dorme comigo. Percebo nitidamente o que esvazia a minha energia. Se eu estou com uma pessoa que tem falta de lealdade, a gente começa a brigar, daí a gente saí e começa a beber, encher a cara... Você está atraindo energias pesadas. Acontece uma, duas, três vezes e quando você percebe, você está vivendo assim por seis meses. Daí, a gente briga de dia, mas na cama se entende. Aquilo não é bom. Ali você abre um canal muito estranho para qualquer tipo de energia ruim penetrar. Por isso, que procuro o equilíbrio. Tem parceira que não acredita em nada e se ela não estiver equilibrada e você dormir com ela, você até pode achar que o sexo está incrível, animal, selvagem... Mas, às vezes, nem é a pessoa que está lá, é como se ela estivesse tomada por outra coisa. Por ali, você percebe que a sua vida desanda um pouco. Por isso que eu falo do equilíbrio. Adotei a frase: “Nada muito”. Talvez até tatue isso. Nada mesmo! Em tudo na vida. Se vai fazer exercício, não canse muito o corpo, se for mergulhar, não precisa ir a 60 metros. Vai namorar? Não precisa transar todos os dias. Se vai beber, não precisa ficar louco e perder a noção. Sou muito espiritualizado. Quando desando dessa área, da religião... Hoje estou muito equilibrado, mas um tempo atrás não estava. Hoje consigo perceber aonde saí do trilho. E foi pelo sexo, brigas... Aprendi a não deixar essas coisas passarem despercebidas nos primeiros sinais durante o começo do relacionamento, não adianta. A gente tem que ficar atento a qualquer coisa, às vezes uma resposta mais torta com dez dias de relacionamento, uma atitude com a mãe ou o jeito de falar no telefone com alguém. Porque depois que termina, a gente lembra dessas coisas.
Esse seu lado espiritual é muito forte, né?
Desde que nasci. Minha mãe sempre trabalhou em mesa branca, é espírita. Tenho a minha guru que faz os meus mapas e dos meus filhos. A partir de agora, tudo o que ela falar, vou seguir como regra. Sou teimoso, não sigo e quebro a cara sempre. Antes de eu quebrar a cara e eles terem que fazer esforços para me ajudar, vou cortar o caminho desse sofrimento. Vou chegar e perguntar: “Conheci essa pessoa. Ela presta ou não presta?! Eu gostei muito dela e vocês? (risos)”. Brincadeira! Mas sou muito ligado as coisas de Deus. Rezo com uma pastora em Goiânia, tenho um projeto em uma ONG com um pastor que fala comigo todos os dias, tenho uma Bíblia na porta da minha casa que eu sempre leio as passagens. Escutei agora de três pessoas, um pastor, na umbanda e um numerólogo, que eu não deveria mergulhar em águas profundas. Eu estava indo para uma viagem de 10 dias em Noronha, onde o que eu só faço é mergulhar. Fui só um dia, em respeito, porque eu também já quase morri, faltou ar... Tem que ter respeito pela natureza. Esperei finalizar a lua e o trabalho (espiritual). Fiquei três meses em um trabalho sem transar e sem beber. Não tinha data, foram os dias que precisei ficar para me equilibrar fisicamente. Me equilibrei e continuo me equilibrando. Então posso beber, mas não muito, posso namorar, mas não muito... Hoje estou na umbanda, mas não tenho preconceitos, talvez daqui a pouco eu seja levado para outro lugar.
Você tem algum medo?
Tenho medo de ficar doente em uma cama e ficar sofrendo. Ainda mais para quem tem vida ativa, faz esportes, gosta de viajar... Não poder fazer isso é um medo, mas seria um aprendizado com tudo na vida. De ficar sozinho não temo, mas como te falei, sonho muito em casar, já tentei e não consegui... Mas vou casar e ter filhos. Isso não abro mão. Agora vai ser com certeza mesmo, consciência e equilíbrio. Só não boto tempo. Quando tiver a intuição, vou me casar. Já estou na fase de não errar mais. Já aprendi bastante. Agora quero ir aos poucos e não sair fazendo tudo ao mesmo tempo, entendendo que a minha vida é complicada para a outra pessoa... A minha vida tem o lado bom e o lado ruim. As pessoas que estão comigo só pegam o lado bom, de acompanhar em convites para festas e viagens. A fantasia é só para a pessoa e não para mim, para mim é trabalho. Tento explicar, até para os meus filhos isso. É trabalho do seu pai e não o seu. Eu escolhi isso e não é uma escolha deles e nem da pessoa que estiver comigo. Se a pessoa é médica, por exemplo, vou ter que falar que pode ser que a vida dela mude um pouco, que vai ter assédio, que nas redes sociais tem gente que vai falar besteira, que ela vai ouvir besteiras como “ele estava lá naquele lugar...”, que se eu curti uma foto, às vezes foi por causa do meu trabalho. Por isso, que tem ir aos poucos, não dá para entrar de cara nessa loucura.
Voltando a falar sobre sonhos, você disse que sonha em ter mais um filho também...
Mais um eu vou ter. Pode escrever aí, na próxima entrevista os leitores vão me ver casado, não sei se em uma igreja. Se alguém me perguntar: “Qual o seu sonho hoje em dia? Fazer um grande papel na televisão ou conquistar alguma outra coisa?”. Hoje eu falo que a minha realização é ter um casamento tradicional. Quero experimentar esse lado de brincar de casinha (risos). Quero casar e ter um filho que seja criado por nós dois. Tenho dois filhos, mas daqui a pouco o Lucas já está indo morar fora, a minha filha já estará grande. Então, vou ter uma nova fase com bebê, com uma mulher e com uma casa...
Imagino que para você, que sempre quis ser pai, as separações devem ter sido mais dolorosas porque, além do fim do relacionamento, você teve que criar os filhos fora de casa...
É muito ruim isso. Sofri muito e não quero mais sofrer por isso. Quero esse casamento tradicional que nunca tive. Aprendi com os erros. Se eu tive um relacionamento recente que o problema era a falta de lealdade, não quero mais ter isso. Quero procurar o equilíbrio e pessoas equilibradas para me ajudarem a manter o meu equilíbrio. Daí, quero me casar, ter a nossa casa e programar um novo filho, que vai ser menino e já tenho até um nome, mas não vou falar para ser surpresa!
Como assim?
Acertei o sexo dos meus dois filhos. Tatuei o nome da minha filha no meu braço antes de conhecer a mãe dela e coloquei 201 porque deixei para tatuar o ano completo para depois que ela nascesse. E ela nasceu em 2014. No caso do Lucas, eu já estava com a Isabeli, mas não queria saber o sexo do bebê. Queria que fosse menina, mas sabia que ela esperava um menino. Estava fazendo uma novela com a Cleo e fomos a uma loja. Eu comprei uma bola de futebol, chuteira e outros itens para um menino, coloquei dentro de um saco azul e depois embrulhei esse saco em um prateado. Entreguei para a Isabeli e falei: “Esse aqui é o sexo do bebê que eu acho que é, mas vai no quarto e abre sozinha para eu não ver pela sua reação se eu acertei ou não. Não quero que você me conte”. Depois ela me falou: “Como é que você sabia?!”. Não era que eu sabia, eu sentia. Parece até brincadeira ficar adivinhando as coisas.
Você tem essa intuição em outras áreas também?
Sim. Até na distância, consigo ter esse feeling com os meus filhos. Às vezes, é para coisas boas, às vezes para coisas ruins. É difícil isso porque quando você tem uma intuição que é ruim é fogo. Algumas vezes não tem o que fazer e você sabe que vai acabar acontecendo. Que eu vou casar e vou ter filhos é certeza e não vai demorar muito. A QUEM vai estar lá no casamento para registrar. Agora se vai ser menino é só uma intuição minha.
Como faz para se manter próximo da rotina dos seus filhos que são de mães diferentes?
Tem que se virar e se organizar sempre. Minha filha mora com a mãe aqui em São Paulo e sempre combinamos o dia que posso pegá-la para ficar aqui comigo. O Lucas está morando comigo agora que a mãe foi para Miami. Ele não quer ir para Miami de jeito nenhum, mas vou conversar com ele. Ainda estamos esperando a Isabeli confirmar a sua adaptação lá e se realmente vai querer ficar lá, onde ela está há seis meses. A escola do Lucas é americana e o ano letivo começou agora e acaba em junho do ano que vem. Então, em março, se a Isabeli confirmar que vai ficar mais um ano lá, daí vou conversar com ele e tentar convencê-lo de ir. Ele não quer, mas se for, vai se adaptar rápido porque fala melhor inglês que português.
E você está tranquilo em relação a ele morar em outro país?
No começo eu não queria porque fiquei pensando na saudade, mas tenho que pensar no que será melhor para ele. Lá ele tem toda uma estrutura, a mãe tem casa lá, ele vai estar com ela... Ele vai se adaptar rápido. Em um mês ele faz amigos. E nas férias ele vem para o Brasil e fica aqui comigo. Sem contar o fim de ano e as vezes que iriei para lá. A gente dá um jeito!
Agora ele está com 12 anos. Como é ser pai de adolescente?
Ele fica mais na dele agora. Não tem mais aquele “agarramento” que tinha, o que é normal. Ele vem, me abraça, me dá um beijo, mas não fica mais grudado. Mas é carinhoso. Já a minha filha não desgruda de mim um minuto. É impressionante. Acho que vai ser assim pelo resto da vida.
Você consegue participar da rotina deles?
Consigo! Semana passada, estive na escola dele duas vezes acompanhando o campeonato de basquete. Chego cedo, mas tento não ficar muito em cima porque ele está com os amiguinhos. Ele vê que eu estou lá vendo tudo... Se ele está aqui em casa jogando vídeo game e não quer sair de casa, pego a minha filha e vou para o clube. Depois volto e jogo um pouco com ele. Mas tem que se virar em dez para ficar com os dois e trabalhar ao mesmo tempo. Dá para fazer quando a gente quer e tem amor.