Publicado em 23/05/2017 às 07:32, Atualizado em 23/05/2017 às 10:36
Estive inúmeras vezes com eles (Wesley e Joesley Batista) discutindo investimentos para o Estado, mas nunca entreguei nenhuma nota”, diz Reinaldo
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) chorou, durante entrevista coletiva, na tarde desta segunda-feira (22) e diz que foi vítima de vingança por parte dos donos da JBS, que queriam renovar programas de incentivos fiscais para suas empresas no estado. A todo momento, o tucano chamou os delatores de 'bandidos' e 'usurpadores'.
Reinaldo convocou a imprensa para esclarecer que 1.199 empresas em MS recebem isenções fiscais. ''Quer dizer que as 1.199 empresas que recebem benefícios tem de pagar propina?'', questionou o tucano.
Acompanhado de todo o secretariado, inclusive de Márcio Monteiro, da Fazenda, também citado nominalmente nas delações, o governador explicou que algumas políticas de isenções foram mudadas, inclusive ajudaram a aumentar a arrecadação do Estado, que passou de R$ 40 milhões para R$ 73 milhões, somente nessa área.
''A partir de 2015 vários termos de acordo que estavam sem isonomia e sem enquadramento foram modificados pelo governo', lembrou Reinaldo. Alguns tiveram os benefícios mantidos e outros não foram renovados, apesar da 'pressão'', destacou.
Após ter falado em vingança por parte dos empresários Wesley e Joesley Batista, no início da entrevista, em dado momento Azambuja disse não querer acreditar que esse seria o motivo de ser citado nas delações que ganharam as capas de jornais no Brasil e no mundo.
O governador lembrou que sempre recebeu toda a diretoria da J&F em seu gabinete e, inclusive, na semana passada conversou com Joanita, representante do grupo, mas sempre para discutir investimentos. Ele lembra que a empresa voltou a pedir reativação de isenções, mas o governo teria negado.
Sobre a figura de Wesley Batista, responsável pelas delações da JBS que envolvem Mato Grosso do Sul, Azambuja não poupou adjetivos contra os empresário.
''Usurpadores, usufruíram de benesses e agora querem ter glória e mostrar que o crime compensa no Brasil', reclamou.
Sobre sua estratégia de defesa, o governador disse que vai visitar a Assembleia Legislativa, o Ministério Público e o Tribunal de Constas para dar sua versão dos fatos. Sobre as notas frias, ele destacou que os pecuaristas vão apresentar o GTA (Guia de Transporte Animal) para rebater as acusações.
Sobre a possibilidade de ser investigado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) sem a necessidade de autorização da Assembleia Legislativa, Reinaldo disse isso é uma prerrogativa da Corte e que apenas vai focar em sua defesa.
''Todo cidadão tem direito a defesa. Eu sempre defendi isso e quero ter'', declarou emocionado. O governador encerrou a entrevista dizendo que só recebeu dinheiro da JBS - R$ 10,5 milhões - para a campanha política de 2014 e este valor foi repassado para o PSDB nacional.