Moradores de Angélica, Sidrolândia, Paranhos e Bandeirantes foram às urnas neste domingo (15) e tiveram os votos contabilizados pela Justiça Eleitoral. Contudo, ainda assim, ninguém sabe quem serão os prefeitos dessas cidades nos próximos quatro anos, já que os mais votados são candidatos sub judice.
Diferentemente de outros anos, em 2020 as eleições contaram com o status de candidatos indeferidos com recurso, ou seja, que foram reprovados nas instâncias regionais da Justiça Eleitoral, mas que recorreram da decisão.
Como os casos não estavam transitados em julgado ainda - como aconteceu com Sérgio Harfouche (Avante) em Campo Grande - os nomes dos candidatos ao Executivo continuaram nas urnas e foram contabilizados e somados aos válidos. Contudo, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não trata nenhum desses como eleitos.
No sistema de divulgação, todos os quatro mais votados e que estão com a tarja "sub judice", ficando os respectivos municípios, oficialmente, sem um representante para os anos de 2021 e 2024.
Legalmente, os indeferidos com recurso puderam concorrer normalmente e só poderão ser diplomados como prefeitos e empossados no cargo após serem devidamente julgados. Caso a candidatura caia, uma nova eleição pode ter que acontecer em 15 dias após a decisão final do TSE.
Ao todo, 15 candidatos concorreram a prefeituras em Mato Grosso do Sul nessa condição em 2020. Em Sidrolândia, o vencedor do pleito foi Daltro Fiuza (MDB), que conseguiu 10.646 votos e 46,44% da preferência local, contra outros dois candidatos.
Já em Paranhos, o primeiro colocado foi Heliomar Klabunde (MDB), que obteve 3.912 votos, 61,67% dos votos válidos. João Cassuci (PDT), em Angélica, obteve e 53,02% dos votos, ou sejam, 3.294. Nessas duas cidades, haviam apenas dois candidatos.
O caso mais emblemático é o de Bandeirantes, cidade localizada a 70 km de Campo Grande. Lá, Álvaro Urt (DEM) buscou a reeleição contra quatro candidatos, os vencendo com uma marca expressiva de 50,63%, ou seja, 2.280 votos.
Urt disputou a eleição sob judice, já que há poucos meses ele foi alvo de operação do Ministério Público, teve bens bloqueados por causa de outras irregularidades e ainda foi cassado do cargo de prefeito pela Câmara Municipal. Ainda assim, ele foi às urnas e conseguiu ser mais votado que a soma dos demais candidatos.
Situações contrárias - Situações contrárias aconteceram em Alcinópolis e Japorã, cidades respectivamente no norte e sul do Estado. Ali, os candidatos foram devidamente deferidos e concorrer sozinhos, sem adversários, precisando apenas do próprio voto para serem eleitos. Assim, toda população já sabia por quem seriam governados.
Paulo Franjotti foi reeleito em Japorã com 4.079 votos, enquanto brancos e nulos foram 281 e 256 votos, com abstenção de 1.080 (18,96%). "É a segunda vez que isso acontece comigo, pois me elegi há apenas um ano em eleição suplementar após cassação do prefeito anterior", comenta Franjotti, que completa.
"Visitei bastante os assentamentos, a aldeia [40% da população da cidade é indígena] para a população entender que a candidatura única era importante. Fiz uma campanha sem gastos, sem jingle, só santinhos e adesivos", comenta.
Já Dalmy Crisóstomo (DEM) foi eleito em Alcinópolis com 2.233 votos. Nulos e brancos foram 287 e 212 votos, com abstenção de 21,99%% - ou seja, 770. "Foi uma campanha diferentes, sem adversários, mas em respeito ao cidadão Alcinopolense, levamos ela muito a sério, visitamos famílias e residências", explica Dalmy.
O prefeito, que também buscou a reeleição, frisa que aproveitou o momento para falar sobre os candidatos a vereador dos partidos aliados, que somavam 25 candidatos. "Encaramos como se tivesse adversário e a sociedade também entendeu assim, que deveríamos dar continuidade ao trabalho já feito", conclui.
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