Publicado em 03/10/2022 às 21:46, Atualizado em 04/10/2022 às 00:57
O encontro entre os dois principais rivais está marcado para o dia 30 de outubro, último domingo deste mês.
A eleição presidencial será decidida em um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com dados do TSE.
Com mais de 96% das urnas apuradas até 20h15 (de MS), Lula havia recebido 54 milhões de votos válidos, ou 47,71% do total contabilizado pela Justiça Eleitoral até aquele momento.
O presidente e candidato à reeleição havia recebido 49,6 milhões de votos, ou 43,82% do total.
O segundo turno ocorre quando nenhum candidato consegue atingir a maioria da soma total dos votos computados, somando 50% mais um.
O encontro entre os dois principais rivais está marcado para o dia 30 de outubro, último domingo deste mês.
A realização da segunda etapa do pleito frustra principalmente a campanha do petista, que, na reta final do primeiro turno, investiu na defesa pelo voto útil na intenção de encerrar a disputa neste domingo, 2.
Em retórica de contestação das pesquisas eleitorais - cujos resultados vão se confirmando nas urnas -, Bolsonaro dizia que a eleição se encerraria na primeira fase e seria ele o vencedor.
Como mostravam as sondagens, e agora os números oficiais, o prognóstico não se realizou.
Mais de 156 milhões de brasileiros estavam aptos a votar e, de novo, colocaram entre os dois primeiros colocados um petista e Bolsonaro.
Neste ano, Lula chegou à frente e é apontado, segundo pesquisas de intenção de voto, como o favorito para voltar à Presidência.
Em 2018, Bolsonaro liderou a corrida e venceu Fernando Haddad (PT), que substituiu Lula nas urnas em razão de o ex-presidente cumprir pena na Polícia Federal, em Curitiba.
O petista havia sido condenado pelo ex-juiz Sérgio Moro no caso do triplex do Guarujá (SP) no âmbito da Lava Jato.
Lula passou 580 dias na cadeia, e o tema corrupção se torno espinhoso para o petista na atual campanha.
Em 2021, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou todas as condenações impostas pela Justiça Federal do Paraná.
O plenário referendou, por oito votos a três, a decisão de Fachin. Neste domingo, o petista relembrou o tempo na cela.
'Há quatro anos atrás eu não pude votar porque eu tinha sido vítima de uma mentira neste país e eu estava detido na Polícia Federal exatamente no dia da eleição', disse Lula ao votar em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
'Tentei fazer com que a urna fosse até a cela para eu votar, não levaram. E quatro anos depois eu estou aqui, votando com reconhecimento da minha total liberdade e com a possibilidade de voltar a ser presidente da República deste País', afirmou o petista, que se disse 'muito feliz'.
Já Bolsonaro se mostrou confiante neste domingo e voltou a dizer que seria reeleito ao apelar a uma narrativa baseada na dúvida das informações.
'Tenho certeza de que, em uma eleição limpa, ganharemos com no mínimo 60% dos votos', afirmou o presidente ao votar no Rio.
Ele também afirmou que a eleição representa uma 'luta do bem contra o mal' e disse que, 'com eleições limpas, tudo bem, que vença o melhor'.
O centro político não logrou êxito, apesar de a chamada terceira via ter apresentado ao País a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), em coligação com PSDB e Cidadania.
Isolado, Ciro Gomes (PDT), em sua quarta disputa, fala em deixar a cena política.
Nos debates em que os candidatos estiveram frente a frente, Lula acenou a Ciro e a Simone - ainda que ambos tivessem feito duros ataques às gestões petistas, inclusive com denúncias de corrupção e crítica à recessão registrada no governo Dilma Rousseff (PT), alvo de impeachment em 2016.
Nos bastidores, interlocutores do PT também conversam com nomes do PDT e do MDB - uma ala do partido, inclusive, já declarou voto no petista no primeiro turno.
Esse espectro de apoios é fundamental para definir o segundo turno e a formação de um eventual governo Lula.
No sábado, 1º, o petista já sinalizava a necessidade de ampliar o leque de apoio, até agora majoritariamente formado por partidos de esquerda e líderes do centro.
'A gente não tem de ficar com melindre de conversar com quem quer que seja. Nosso barco é que nem a Arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá dentro e nós iremos salvar todo mundo', disse Lula, em entrevista coletiva.
Já Bolsonaro dificultou o diálogo que poderia estabelecer com Soraya Thronicke (União Brasil), ao expor a candidata no debate promovido pela TV Globo.
Em 2018, a senadora foi eleita declarando apoio ao então candidato à Presidência.
Luiz Felipe d’Avila (Novo) já avisou que vai anular o voto.
Enquanto isso, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, manteve em aberto uma possibilidade de conversa com qualquer candidato que vença as eleições.
Ele destacou as alianças que o partido tem no âmbito estadual com o PT, por exemplo.
'O PSD, felizmente, é um partido de centro, partido do diálogo. Nós temos uma excelente relação com o Partido dos Trabalhadores, aliança em diversos Estados com eles. Então, é mais do que natural um diálogo', disse após a votação em um colégio da zona oeste da cidade de São Paulo, na manhã deste domingo, 2.