Publicado em 19/02/2019 às 08:30, Atualizado em 19/02/2019 às 11:34
Bolsonaro supera Geisel, Médici e Figueiredo em ministros militares
Com a nomeação do general da reserva Floriano Peixoto para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, cargo ocupado pelo ex-ministro Gustavo Bebianno, exonerado nesta segunda-feira, 18, Jair Bolsonaro (PSL) reforça a presença de militares no time ministerial e ultrapassa João Figueiredo, Ernesto Geisel e Emílio Médici, presidentes durante a ditadura (1964 até 1985), com oito militares no governo.
Figueiredo, Geisel e Médici tinham na composição de seus ministérios sete nomes das Forças Armadas. O número atingido hoje por Bolsonaro empata com o do governo Costa e Silva, mas ainda está atrás de Castello Branco, com doze nomeações de militares compondo os ministérios.
Os militares que compõe o governo atual, além de Floriano Peixoto, são: Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), general Fernando Azevedo e Silva (Defesa), general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), almirante Bento Costa Lima (Minas e Energia), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura).
O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, será o único civil entre os quatros ministros que despacham no Palácio do Planalto. Bebianno, que antes despachava ao lado de Bolsonaro, foi exonerado por causa da crise atual do governo que envolvia supostas candidaturas laranjas do PSL, partido do presidente.
A crise em torno do agora ministro ganhou corpo na última quarta-feira, 13. Naquele dia, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente, escreveu no Twitter que Gustavo Bebianno mentiu ao dizer ao jornal O Globo que vinha conversando normalmente com Jair Bolsonaro apesar das denúncias publicadas pela Folha de S. Paulo de que o PSL empregou volumes expressivos do fundo partidário – dinheiro público – em candidaturas “laranjas” de mulheres em 2018. Bebianno presidiu o partido durante a campanha eleitoral.
Para corroborar sua acusação ao ministro, Carlos incluiu em sua postagem ainda um áudio em que Bolsonaro se nega a falar com Bebianno. “Ô Gustavo, tá complicado eu conversar ainda, então não vou falar, não vou falar com ninguém, a não ser estritamente o essencial. Tô em fase final aqui de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí”, disse o presidente na gravação.
Jair Bolsonaro acabou compartilhando a publicação do filho e, em entrevista à RecordTV, veiculada no mesmo dia, afirmou que, caso seja comprovado envolvimento de Gustavo Bebianno nos repasses às candidaturas suspeitas, o destino do ministro será “voltar às suas origens”.
Perfil do novo ministro
Antes de Bebianno ser exonerado, o general Floriano Peixoto era o “número dois” da Secretaria-Geral da Presidência, ocupando o cargo de secretário-executivo.
O general é formado pela Academia das Agulhas Negras, com mestrado em Ciências Militares e doutorado em Política, Estratégia e Alta Administração pela Command and General Staff College (CGSC).
O novo ministro da Secretaria-Geral foi instrutor em escolar militares e chefe de operações do 1º contingente brasileiro no Haiti – Força de Manutenção da Paz, em 2004, e Comandante da Força da Minustah, entre 2009 e 2010.