Publicado em 21/07/2021 às 23:25, Atualizado em 24/07/2021 às 19:31
Bolsonaro costumava dizer que o Centrão representava a velha política e que seu governo não teria integrantes do grupo.
O Centrão, grupo de partidos que hoje apoiam o governo Bolsonaro no Congresso, vai estar no comando dos dois principais ministérios no Palácio do Planalto. Casa Civil e Secretaria de Governo. A interlocutores, o presidente Jair Bolsonaro avisou que vai indicar o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. Já a Secretaria de Governo tem à frente a ministra Flávia Arruda (PL-DF).
A mexida dentro do Planalto pode ser classificada, segundo aliados, como a chegada definitiva do Centrão ao comando da administração do governo Bolsonaro. A partir de agora, caberá a Ciro Nogueira, em sendo confirmada sua nomeação nos próximos dias, comandar a articulação com todos os ministérios, posto chave para o atendimento de pedidos da base aliada de Bolsonaro no Congresso.
Líderes do Centrão no Congresso vinham reclamando que a ministra Flávia Arruda, responsável pela articulação política, não estava conseguindo que os ministérios cumprissem os acordos feitos com a base aliada. "A Flávia acertava, mas os ministérios não cumpriam no tempo acertado, faltava uma ordem direta da Casa Civil, agora esse problema será resolvido", disse ao blog um líder aliado.
Por enquanto, Bolsonaro confirmou oficialmente que haverá uma "pequena mudança ministerial", que deve ocorrer, segundo ele, até segunda-feira (26). O presidente, porém, já está avisando interlocutores sobre as mudanças que serão feitas. Dois deles lembraram, no entanto, que é sempre bom aguardar o anúncio oficial antes de garantirem as trocas.
A mexida ministerial foi decidida nesta terça-feira (20) no Palácio do Planalto. Pelo que foi acertado ontem, Ciro Nogueira vai para a Casa Civil. Luiz Eduardo Ramos, que deixará o posto, irá para a Secretaria-Geral da Presidência da República. E Onyx Lorenzoni deixará a secretaria e irá para Ministério do Emprego e Previdência Social, que será recriado.
O Centrão foi hostilizado durante a campanha presidencial e no primeiro ano de mandato. Bolsonaro costumava dizer que o Centrão representava a velha política e que seu governo não teria integrantes do grupo. Depois que o governo começou a se enfraquecer e ter dificuldades na aprovação de projetos no Legislativo, Bolsonaro passou a se aproximar do Centrão e entregar cargos no governo a políticos deste grupo.
Articulou, inclusive, a eleição do deputado Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara dos Deputados, posto chave para o Palácio do Planalto, porque cabe ao presidente da Casa abrir ou não um pedido de impeachment do presidente da República.