Publicado em 11/12/2018 às 04:44, Atualizado em 11/12/2018 às 06:46
Polícia Federal afirma que vítimas caem em emboscadas de suspeitos com armas de grosso calibre.
"A gente compara a fronteira de Ponta Porã com o morro carioca, em que muitas vezes dominado por uma facção criminosa e, quando há a execução do lider dessa facção ou quando há disputa entre outras facções pelo território, para poder fazer seus negócios, ocorre uma gama de execuções à luz do dia, causando temor em todas comunidades envolvidas", afirmou o superintendente da Polícia Federal (PF), Luciano Flores.
Na maioria dos casos, as vítimas caem em emboscadas, suspreendidas por suspeitos com armas de grosso calibrem, segundo a polícia. Muitos utilizam carros blindados e, como o sobrinho do narcotraficante Jarvis Pavão, que sofreu tentativa de atentado na última semana, utilizam carros conseguem escapar ilesos. A camionete em que ele estava com mais 3 pessoas na cidade de Pedro Juan, foi alvejada por mais de 50 tiros. Uma mulher e uma criança que passavam pelo local ficaram feridas com tiros de raspão. Jarvis está preso em Mossoró, onde cumpre pena após extradição.
A advogada dele, Laura Casuso, foi executada no mês de novembro, também em Pedro Juan. Só entre 13 e 20 de outubro, foram 12 execuções na cidade. No último dia 07, um tio e um sobrinho de Jarvis foram presos na mesma cidade, onde estariam reunidos planejando investida contra grupo rival, segundo a polícia.
Segundo o promotor do Ministério Público do Paraguai, brasileiros também estariam envolvidos na disputa pelo domínio do tráfico na região, e são maioria entre as mortes registradas:
"Estamos vendo muitos cidadãos brasileiros que vivem aqui e que estão ligados a este tipo de crime e terminam sendo executados ou cometendo homicidios ou refugiando aqui em Pedro Juan ou Ponta Porã, comentou o promotor Armando Cantero Fassino.
"Luta que tem muito chão pela frente"
Na fronteira, as cidades que se destacam pela força da economia, gerando empregos no comércio e com agronegócio e culturas fortes, agora vivem assustadas pela disputa pelo tráfico de drogas "escancarado", segundo a polícia, que enfrenta dificuldades para impedir uma rotina de mortes.
"Você tem medo assim, de você sair na rua e, de repente, por causa de algumas pessoas que devem, você acabar perdendo a sua própria vida", comentou um dos moradores.
No caso das últimas 3 mortes, na semana anterior, os casos ocorreram com brutalidade e durante o dia. Um empresário, um tatuador e um homem de vinte e oito anos, que veio de santa catarina foram mortos em bairros residenciais.
Para a PF, mesmo com operações de combate ao crime organizado no local, acabar com a situação ainda é um desafio para autoridades dos dois países. "É uma luta que ainda tem muito chão pela frente. Não é fácil, com o número de policiais, que a tem hoje na fronteira, combater esse tipo de crime e esses tipos de organizações criminosas", afirma.