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‘Febre’ em Nova Andradina, pipas com o uso de cerol preocupam população

Simples brincadeira de criança se tornou com o uso do cerol um risco potencial de graves acidentes envolvendo principalmente ciclistas e motociclistas

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Prática passou a ser uma 'febre' em Nova Andradina e adeptos são das mais diferentes idades - Foto: Bruno Carachesti

Uma febre nos quatro cantos da cidade, os céus de Nova Andradina passaram a ganhar um novo colorido. Chega a ser de encher os olhos o cenário que pode visto repleto de pipas dos mais diferentes tipos e estilos.

Não escolhendo idade ou condição social para ser adepto à prática, soltar pipa é uma das brincadeiras de criança que a maioria dos meninos já fez um dia. Mas, eis que uma preocupação voltou a pairar entre os nova-andradinenses: o uso de cerol.

O cerol, que é uma mistura cortante de vidro moído e cola, é proibido em Mato Grosso do Sul desde 2007 a partir do vigor de uma lei estadual. Municípios como Campo Grande, e agora recentemente Dourados, criaram suas próprias leis para tentar frear a utilização da mistura que pode ser fatal em caso de acidentes.

Aprovado em primeira votação, um projeto de lei está em tramitação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. De autoria do deputado Paulo Siufi (PMDB), a proposta prevê a venda e utilização das chamadas "linhas chilenas", que é considerada quatro vezes mais forte que cerol. A intenção é evitar acidentes graves com ciclistas, pedestres e motociclistas que podem ser atingidos por este material, usado nas pipas.

A proibição já existe por lei municipal em Campo Grande, e agora pode ser estendida no âmbito estadual. Estão previstas ainda medidas socioeducativas se for descumprida a medida, sendo que pais e responsáveis poderão responder como coautores de prática ilícita feita pelos seus filhos. O projeto ainda passa por uma segunda votação na Assembleia, para depois ser encaminhado para sanção do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

PM não faz vista grossa a cumprimento de lei em Nova Andradina

Se a lei existe é para ser cumprida. Procurado pela reportagem do Nova News, o comandante do 8º BPM (Batalhão de Polícia Militar), tenente coronel Rodrigo Alex Potrich, detalhou que a PM não faz vista grossa ao cumprimento da medida que traz um risco potencial à ocorrência de graves acidentes envolvendo principalmente ciclistas e motociclistas. “Trata-se de um problema grave que deve ser combatido. Se qualquer cidadão tiver conhecimento que algum indivíduo está soltando pipa com o uso de cerol, deve imediatamente ligar no 190 e que de imediato uma viatura se deslocará até o local e irá averiguar a situação”, frisou.

Se qualquer cidadão tiver conhecimento que algum indivíduo está soltando pipa com o uso de cerol, deve imediatamente ligar no 190

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Comandante do 8º BPM, tenente coronel Rodrigo Alex Potrich

Foto: Luciene Carvalho/Nova News

De acordo com o comandante, a devida responsabilização aos infratores será aplicada após o caso for entregue na Delegacia de Polícia Civil que tomará as medidas pertinentes. No caso de ser menor de idade, ele destacou que o Conselho Tutelar será acionado e ainda os pais ou responsáveis deverão acompanhar a ocorrência na delegacia.

“Em Nova Andradina já é alto o índice de acidentes com motos. Não podemos permitir que acidentes desta natureza aconteçam. O cerol é perigosíssimo, porque o capacete não protege o pescoço do motociclista. Ele não consegue ver a linha e acaba lesionado, muitas vezes fatalmente. Por tal motivo, a PM alerta a população a denunciar qualquer situação que presencie, além ainda de ser importante os pais fiscalizarem como os filhos, quando menores de idade, soltam suas pipas sem colocar em risco a vida de terceiros”, destacou o tenente coronel Alex.

Lei estadual vai completar 10 anos agora em novembro

À época, o governador André Puccinelli sancionou no dia 19 de novembro de 2007 a lei que proíbe a utilização de cerol ou qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas e objetos similares em Mato Grosso do Sul. O projeto de lei foi proposto pelo deputado estadual coronel Ivan.

A lei estabelece que o descumprimento implica na apreensão da pipa e aplicação de multa no valor de 20 Uferms (R$ 249,60). Em caso de nova infração em um período de dois anos, a multa será aplicada em dobro. Caso quem esteja desrespeitando a lei tenha menos de 18 anos, o responsável legal será penalizado.

Na justificativa do projeto, o coronel Ivan lembra ainda que a utilização de material cortante na linha poderá caracterizar até três crimes: perigo para a vida ou saúde de outra pessoa (artigo 131 do Código Penal), lesão corporal (artigo 129) e até homicídio (artigo 121), em caso de acidente que resulte em morte.

Pipas também ocasionam problema de falta de luz e prejuízos à população

Colocar em risco a vida de terceiros não é o único problema da prática de soltar pipas em Nova Andradina e país afora. Quedas de energia podem ser causadas por pipas enroscadas em fios e deixar milhares de pessoas sem energia.

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