Publicado em 16/10/2017 às 07:17, Atualizado em 16/10/2017 às 10:21

Com apoio da Agraer, produtores de Ivinhema garantem renda de R$ 10 mil/ano com produção de urucum

Em Ivinhema a Prefeitura e os agricultores comemoram o fechamento da safra com a colheita de 300 toneladas.

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Em Ivinhema, 65 famílias têm na produção de urucum a principal atividade econômica - Imagem: Paulo César

Pequenos agricultores de Mato Grosso do Sul descobriram na produção de urucum uma boa e rentável atividade. O trabalho vem sendo realizado em parceria com empresas do interior de São Paulo e conta com o apoio da Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer). Em Ivinhema a Prefeitura e os agricultores comemoram o fechamento da safra com a colheita de 300 toneladas. “O urucum tem garantido uma renda média de R$ 10 mil por ano aos pequenos agricultores, e isso tem ajudado muito a agricultura familiar”, afirma o prefeito Eder Uilson, o Tuta.

Segundo o prefeito, 65 agricultores participam da iniciativa e o cultivo do urucum gera uma média de 150 empregos direto e indireto no período da safra, em todas as fases, do plantio, cultivo e colheita. Em Mato Grosso do Sul, são duas safras, uma encerrada em setembro e outra em novembro. Tuta destaca que nesse processo, a Agraer tem papel fundamental, pois são os técnicos da Agência que dão toda a orientação e assistência técnica aos produtores.

“Aqui a Agraer é cem por cento, tudo que a gente precisa eles nos atendem, são grandes parceiros e nesse projeto urucum a participação da Agraer tem sido importante”, comenta Edmilson Gonçalves, presidente da Associação de Moradores e Produtores Agropecuários da Gleba Ouro Verde. Ele lembra que a projeto começou tímido, em 2007, com cerca de 12 produtores e hoje já são quase 100. “Começamos com a cara e a coragem”, afirma.

Na região estão sendo cultivadas duas variedades de urucum, a “Verde Limão”, que produz as sementes de urucum a partir do terceiro ano de plantio e, mais recentemente, os produtores passaram a plantar o “Anão Precoce”, que rende colheita a partir do segundo ano de cultivo. Segundo Edmilson Gonçalves, pelo fato de ser de menor porte, o “Anão Precoce” também possibilita maior facilidade no trato e na colheita.

Uma das parceiras dos produtores de Ivinhema é a Urucum do Brasil, com sede em Monte Castelo (SP). O diretor superintendente da empresa, Antonio Pereira Neves disse que nesta safra foram compradas cerca de 50 toneladas de urucum em Ivinhema. O produto chega em forma de sementes e na Urucum Brasil é feita a pré-limpeza, o acabamento e a estocagem à vácuo. Depois, o material é remetido a uma empresa de Valinhos (SP), onde é transformado em corante e exportado para a Dinamarca.

Neves disse que a empresa está satisfeita com essa parceria que dura mais de uma década. “Os produtores foram acreditando e hoje temos parcerias em vários municípios de Mato Grosso do Sul e em outros estados, como o Paraná”. A Urucum Brasil compra urucum também de agricultores de Itaquiraí, Nova Alvorada do Sul, Brasilândia, Inocência e mais recentemente de Campo Grande.

Em Nova Alvorada

No início deste mês, o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, e o diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Enelvo Felini, estiveram reunidos com o empresário Eduardo Augusto de Lima Giuliani, sócio-diretor da empresa Vale Urucum.

Segundo a proposta apresentada pela Vale Urucum – empresa produtora de sementes e pasta de urucum instalada no município de Nova Alvorada do Sul – seriam transferidos para os assentamentos tecnologias de plantio, disponibilizadas sementes para os viveiros, e garantida a compra da produção de cinco hectares por assentado, em parceria com as prefeituras e o Governo do Estado. “Essa garantia seria feita a um preço mínimo que dê margem de lucro de 20%, para os que atingirem produtividade de 900 kg/ha e bixina de 5,7 pontos, levando em conta possíveis quebra de safra por questões climáticas”, explicou Giuliani.

A empresa já cultiva 350 hectares de urucum na Fazenda Pantanal Leste (BR 267) em Nova Alvorada do Sul e está construindo uma indústria de processamento, com obras em fase de finalização. Segundo Eduardo, em pleno funcionamento será possível processar 600 toneladas por ano, gerando aproximadamente 50 empregos diretos e outros 200 indiretos.

Ao observar que Mato Grosso do Sul é o sexto Estado na produção de urucum no País – com aproximadamente mil hectares cultivados – e a atividade tem características muito ligadas as da agricultura familiar, o secretário Jaime Verruck sinalizou positivamente quanto a parceria, tendo iniciado a discussão para ampliar a participação da Agraer, que já realiza ações voltadas ao incentivo do cultivo de urucum em diversos municípios do Estado, em especial em Nova Alvorada do Sul, com o trabalho comandado pela coordenadora Elisméia Borges, da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer).

A instalação da indústria em Nova Alvorada do Sul trará, segundo Verruck, a garantia de comercialização da produção dos assentados, ampliação da produção no Estado e geração de novos postos de trabalho, já que a atividade requer intensivo uso de mão de obra para a colheita.

“Considerando que a indústria já tem um plantio significativo em Nova Alvorada do Sul e deve concluir em breve as obras de uma indústria com capacidade para seiscentas toneladas por ano, acredito que Mato Grosso do Sul pode avançar na cultura do urucum e triplicar sua produção, chegando próximo dos três mil hectares, num prazo de dois anos”, afirmou Verruck.

Segundo Enelvo Felini, a Agraer, que já tinha um olhar diferenciado para essa cultura, passa a partir dessa parceria, a ampliar suas atividades voltadas ao incentivo da cultura do urucum, que segundo ele vão além da assistência técnica. “O pequeno produtor que já conta com a assistência da Agência, terá agora o reforço da parceria com a indústria e o compromisso da Secretaria, que é a indutora do desenvolvimento de novas culturas no Estado, com vistas à diversificação das atividades e consequente geração de emprego e renda no campo”, completou.

De acordo com o site ourocum, o Brasil produzia 1.200 Toneladas de sementes de urucum em 1987. Em 1990 já produzia 6.400 Toneladas e em 2015 a produção nacional de sementes de urucum chegou a mais de 14.000 Toneladas, tornando o Brasil o maior produtor, consumidor e exportador mundial de corantes e sementes de urucum. Em 2016 uma série de problemas climáticos diminuiu a safra brasileira em aproximadamente 12%, que foi estimada em 12.817 Toneladas (IBGE).