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Permanência do PSDB fortalece Temer, mas é arriscada para tucanos, dizem analistas

Em reunião nesta segunda-feira, o PSDB anunciou que continuará a integrar o governo e a apoiar as reformas defendidas por Temer

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Divulgação

A decisão do PSDB de permanecer no governo Michel Temer fortalece o presidente em sua batalha para chegar ao fim do mandato, mas pode custar caro aos tucanos na eleição de 2018, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.

Em reunião nesta segunda-feira, o PSDB anunciou que continuará a integrar o governo e a apoiar as reformas defendidas por Temer, contrapondo-se a congressistas da sigla que defendiam uma ruptura. A decisão ocorre três dias após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolver a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer de acusações de irregularidades na campanha de 2014.

Desde a divulgação em maio do encontro entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, o PSDB dá sinais de que poderia deixar o governo.

Uma ala de congressistas jovens do partido, apelidada de "cabeças pretas", defende o defecção, avaliando que a permanência seria ruim para a imagem do PSDB e prejudicaria a sigla nas eleições de 2018.

O temor é que o desgaste do presidente acabe contaminando os tucanos e fragilizando o discurso anticorrupção entoado por congressistas do partido.

Mas vários caciques tucanos - entre os quais o governador Geraldo Alckmin (SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - adotam tom mais cauteloso. Eles dizem que um desembarque poderia prejudicar o país, dificultando a aprovação das reformas encampadas por Temer e gerando mais turbulência num momento em que a economia ainda está bastante fragilizada.

Para Sérgio Praça, professor de ciência política da FGV-SP, a saída do PSDB seria péssima para Temer, pois trata-se de "um partido que dá alguma legitimidade ao governo".

O PSDB tem a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados, com 46 dos 513 deputados, e a segunda maior do Senado, com 11 dos 81 senadores.

O PSDB chefia os ministérios das Cidades, Relações Exteriores, Secretaria de Governo e Direitos Humanos. Segundo o professor, Cidades e Relações Exteriores são pastas com prestígio, e chefiar a primeira é vantajoso para qualquer partido, já que ela é responsável por vultosos gastos com obras públicas Brasil afora. A importância da pasta cresce ainda mais em vésperas de eleição, diz Praça.

Mas o cientista político lembra que o próprio ministro das Cidades, Bruno Araújo, endossou o movimento pela saída do PSDB do governo.

"Daí se vê como é difícil o cálculo deles entre ficar ou sair do governo."

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