Publicado em 05/08/2017 às 19:33, Atualizado em 05/08/2017 às 22:36

Onda de crimes bárbaros choca campo-grandenses e muitos se protegem 'atrás das grades'

Por segurança, as pessoas preferem ficar trancadas em casa ao ter vida social pelas ruas da cidade.

Dany Nascimento / TopMidia News ,
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A onda de crimes bárbaros registrados nos últimos dias em Campo Grande chocou a população, que prefere se manter ‘atrás das grades’ devido à falta de segurança nas ruas. Muitas pessoas contam que deixam de ter vida social, têm medo de conhecer pessoas, por receio do que o ser humano é capaz.

No mês passado, quatro crimes registrados pela polícia tiveram grande repercussão: o primeiro teve como vítimas o ex-vereador Cristóvão Silveira e a esposa, Fátima Silveira, que foram brutalmente assassinadas pela família do caseiro que trabalhava para a família em uma chácara. Em seguida, a polícia investigava o sumiço de Kauan Andrade Soares, de 9 anos, que foi violentado e morto por um pedófilo.

A terceira vítima foi a musicista Mayara Amaral, que teria sido morta a golpes de martelo em um motel na cidade, tendo o corpo carbonizado junto de um veículo em uma estrada do bairro José Abrão. Ainda, no mesmo mês, dois foram assassinados e um motorista Uber ficou gravemente ferido em plena luz do dia no Jardim Carioca.

A situação é preocupante. Orlando Esser, 65 anos, que reside na Capital há mais de 35 anos, afirmou ao TopMídiaNews que é difícil até falar no assunto e que a cidade conta com poucos policiais, o que facilita a ação de bandidos e assassinos.

“Pensar nesses crimes neste mês é complicado, é difícil, isso tudo parece uma grande loucura porque não faz sentido tirar a vida das pessoas. Temos uma corporação muito pequena de policiais pelas ruas, enquanto eles atendem casos quando são acionados em bairros, o centro da cidade fica ermo, facilitando a ação de delinquentes, de assassinos, de pessoas monstruosas, se é que ainda é possível chamar esses criminosos de pessoas”, diz o idoso.

Orlando destaca ainda que, atualmente, as pessoas deixam de sair por medo de se tornarem mais uma vítima de assassinos. “As pessoas estão com medo, deixam de sair, eu mesmo não ando no centro da cidade à noite porque eu sei que é muito perigoso. Você, saindo, não tem nunca a certeza de que voltará com vida para casa, infelizmente essa é a nossa realidade”.

Assim como Orlando, a doméstica Jane Lourenço Aguiar, 42 anos, afirma que teme pela vida dos filhos e sempre que sai de casa, fica de coração apertado, com medo de ser mais uma vítima de seres monstruosos. “Eu vejo esses assassinos como pessoas monstruosas, saio para trabalhar e fico com muito medo de deixar meus filhos em casa. É difícil, mas se não trabalhar, eu não consigo dar sustento para eles, então eu conto com Deus para vigiar e proteger a minha casa até a minha volta”.

Ela destaca que ao assistir reportagens sobre as buscas de Kauan, pensou até mesmo em deixar o emprego para se dedicar aos filhos. “Eu até pensei que meus filhos também correm perigo, pensei em deixar o emprego para me dedicar a eles, mas eu não consigo, não tenho condições de fazer isso. Moro com eles, que tem pensão do pai, mas só com a pensão não conseguimos viver, infelizmente eu vivo diariamente esse risco e meus filhos também”.

Uma idosa de 63 anos, que preferiu não se identificar, afirmou que evita se manter atualizada sobre a onda de crimes, mas acaba sabendo pelos familiares e faz orações pedindo paz para a cidade. “Eu procuro nem ver porque na igreja falam: 'fique distante de notícias ruins'. Então eu procuro deixar para lá essas notícias bárbaras, mas minhas sobrinhas acabam conversando, acabam falando disso. O que eu faço é fazer muitas orações para que Campo Grande melhore e pare de ter tantos assassinatos”.