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Jogador que morreu após partida de futebol amador sonhava em se profissionalizar

“Ele sempre amou isso, chamavam a gente de faísca e fumaça. Ele faísca e eu, fumaça', conta irmão de José

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José Luiz era apaixonado por futebol desde criança. (Montagem, reprodução redes sociais)

Em meio à dor da perda e às boas lembranças, a família de José Luiz Lima, de 30 anos, jogador de futebol que morreu após partida no último domingo (03), decidiu doar os órgãos do jovem após morte encefálica ter sido declarada na terça-feira (5). Coração, pulmões, fígado, rins e córneas foram destinados a pacientes que aguardavam um recomeço, e que agora terão essa oportunidade. Parceiro de campo, irmão da vítima narrou o amor de José pelo futebol.

Amigos e familiares ainda tentam entender o que aconteceu no último domingo (3), quando ele sofreu uma entrada brusca numa partida de futebol e acabou batendo a cabeça contra uma mureta de proteção. Ele caiu desmaiado no campo e duas horas depois deu entrada na Santa Casa da capital, onde passou por cirurgia, mas não apresentou evolução no quadro.

Amor ao futebol

Muito emocionado, o irmão de José, Rafael Lima, conversou com o Jornal Midiamax. Ele conta que os dois eram muito companheiros, parceiros de jogos de futebol desde a infância. Nos campos da capital os dois até acabaram conhecidos por um apelido específico. “Ele sempre amou isso, chamavam a gente de faísca e fumaça. Ele faísca e eu, fumaça', conta, rindo.

Dois anos mais velho que José, Rafael levava o mais novo para os jogos, esse tinha apenas 6 anos de idade.

“A gente entrou numa escolinha de futebol lá no Caiobá e desde então sempre jogamos bola. Quando a gente não estava jogando, estávamos assistindo. Quando os jogos acabavam, a gente ia brincar de jogar bola, brincar de cruzamento. Era sempre com bolinha de papel porque a gente não tinha condição de comprar bola, e a gente fazia um golzinho de tijolo', relembra, dando uma longa pausa para conter o choro.

Os únicos meninos entre cinco irmãos, Rafael conta que logo que cresceram um pouco, passaram a participar de campeonatos pelo time do Caiobá. “A gente também jogou pelo Cene, o Clube Esportivo Nova Esperança, quando tinha 15 anos. Chegamos até a jogar ‘para fora’, mas não tínhamos tanta visibilidade na época porque a gente não tinha empresário', conta.

O tempo foi passando e a idade foi avançando, o que dificultou alcançar o sonho de serem jogadores profissionais. “Então começamos a trabalhar [formalmente] e jogar mais como hobby, aos fins de semana. Fomos trabalhar numa loja de baterias e montamos o time da Batescar, onde a gente foi muito feliz jogando bola. Era eu, ele e o Leco. O Leco era o centroavante, ele ponta-esquerda e eu ponta-direita, sempre fazendo correria pros zagueiros e a gente sempre apanhando. A gente sempre apanhou porque a gente é rápido, né? Habilidoso. A gente sempre apanhou, mas nunca chegava nessa gravidade', detalha Rafael.

O domingo

Rafael compartilha ainda que sempre depois do jogo o irmão ligava para ele contando detalhes da partida. “‘Joguei mal, joguei assim, joguei desse jeito’, jogando bem ou mal ele sempre me ligava, contava que o que fez de jogada. Aí nesse domingo eu recebi a ligação de que ele tinha sofrido acidente', recorda.

“Quando cheguei lá fiquei desesperado de ver meu irmão daquele jeito, só queria saber de ajudar o meu irmão, mas eu não podia. Aí foi quando o atendimento chegou depois de meia hora, de moto, e depois o Samu chegou', completa.

Para os amigos, “Zé', como era chamado, vai deixar muita saudade. “Um amigo que deixou um legado na família dele, no futebol e na igreja que frequentava! O legado de ser feliz nos momentos ruins e bons, sempre estava com um sorriso no rosto! Vai deixar muitas saudades para todos nós! Descanse em paz, Zezinho', compartilhou Ton Jean Ramalho Ferreira, amigo da família.

Vários se uniram e inclusive decidiram ajudar a família de alguma forma. “O Zé tinha muitos amigos de verdade, ele sempre um foi jogador leal e amigo, dentro e fora das quatro linhas”, contou Ton.

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